Conservando o passado é que temos um futuro.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011


Primeira Guerra Mundial



A Primeira Guerra expôs um novo paradigma de destruição bélica ao mundo.

Entre os anos de 1870 e 1914, o mundo vivia a euforia da chamada Belle Epóque(Bela Época). Do ponto de vista da burguesia dos grandes países industrializados, o planeta experimentava um tempo de progresso econômico e tecnológico. Confiantes de que a civilização atingira o ápice de suas potencialidades, os países ricos viviam a simples expectativa de disseminar seus paradigmas às nações menos desenvolvidas. Entretanto, todo esse otimismo encobria um sério conjunto de tensões.

Com o passar do tempo, a relação entre os maiores países industrializados se transformou em uma relação marcada pelo signo da disputa e da tensão. Nações como Itália, Alemanha e Japão, promoveram a modernização de suas economias. Com isso, a concorrência pelos territórios imperialistas acabava se acirrando a cada dia. Orientados pela lógica do lucro capitalista, as potências industriais disputavam cada palmo das matérias-primas e dos mercados consumidores mundiais.

Um dos primeiros sinais dessa vindoura crise se deu por meio de uma intensa corrida armamentista. Preocupados em manter e conquistar territórios, os países europeus investiam em uma pesada tecnologia de guerra e empreendia meios para engrossar as fileiras de seus exércitos. Nesse último aspecto, vale lembrar que a ideologia nacionalista alimentava um sentimento utópico de superioridade que abalava o bom entendimento entre as nações.

Outra importante experiência ligada a esse clima de rivalidade pôde ser observada com o desenvolvimento da chamada “política de alianças”. Através da assinatura de acordos político-militares, os países europeus se dividiram nos futuros blocos políticos que conduziriam a Primeira Guerra Mundial. Por fim, o Velho Mundo estava dividido entre a Tríplice Aliança – formada por Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália – e a Tríplice Entente – composta por Rússia, França e Inglaterra.

Mediante esse contexto, tínhamos formado o terrível “barril de pólvora” que explodiria com o início da guerra em 1914. Utilizando da disputa política pela região dos Bálcãs, a Europa detonou um conflito que inaugurava o temível poder de metralhadoras, submarinos, tanques, aviões e gases venenosos. Ao longo de quatro anos, a destruição e morte de milhares impuseram a revisão do antigo paradigma que lançava o mundo europeu como um modelo a ser seguido.

A vida nas trincheiras

Antes que a Primeira Guerra Mundial acontecesse, as várias nações envolvidas neste conflito se preparavam com uma opulenta tecnologia militar. Dessa forma, quando a “Grande Guerra” eclodiu, em 1914, o tempo de movimentação das tropas durou muito pouco tempo. Estava claro que ambos os lados eram belicamente poderosos e que o menor avanço territorial só aconteceria ao custo de milhares de vidas.

Dessa forma, os soldados de ambos os lados passaram a cavar trincheiras de onde tentavam, ao mesmo tempo, se proteger e atacar. Geralmente, uma trincheira era aberta pela tropa e contava com cerca de 2,30 metros de profundidade, por dois metros de largura. No ponto mais alto, eram colocados sacos de areia e arames farpados que protegeriam os soldados das balas e dos estilhaços das bombas. Além disso, um degrau interno chamado “fire step” permitia a observação dos inimigos.

Para que as tropas inimigas não conseguissem conquistar uma trincheira em um único ataque, os soldados tinham o cuidado de não construí-las em linha reta. Trincheiras auxiliares e perpendiculares também eram construídas para que o tempo de reação a um ataque fosse ampliado. Apesar da proteção, uma bomba certeira ou uma rajada de tiros oportuna poderia deixar vários soldados feridos. As mortes repentinas e os ataques inesperados eram constantes.

Além do poder das armas, a própria trincheira era outra inimiga para os soldados que se amotinavam naquele espaço insalubre. Os mortos que se acumulavam nas trincheiras eram um grande chamariz para os ratos que se alimentavam da carne pútrida dos corpos. Entre as doenças usualmente contraídas nas trincheiras se destacavam a “febre de trincheira”, reconhecida por fortes dores no corpo e febre alta; e o “pé de trincheira”, uma espécie de micose que poderia resultar em gangrena e amputação.

Entre duas trincheiras inimigas ficava a chamada “terra de ninguém”, onde arame farpado e corpos em decomposição eram bastante recorrentes. A presença naquele território era bastante arriscada e só acontecia pelo uso de frentes muito bem armadas. Geralmente, um soldado assumia várias funções no campo de batalha, tendo suas forças utilizadas para o combate, a manutenção das tropas, o apoio reserva e nos terríveis dias que passavam na própria trincheira.

Mais que uma simples estratégia militar, as trincheiras representavam intensamente os horrores vividos ao longo da Primeira Guerra Mundial. Submetidos a condições de vidas extremas, milhares de soldados morreram em prol de um conflito em que a competição imperialista era sua razão maior. Pela primeira vez, a capacidade dos homens matarem atingiu patamares que abalavam aquela imagem de razão e prosperidade que justificava o capitalismo monopolista.

Alianças para a Primeira Guerra Mundial

Os anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial não foram marcados por nenhum conflito entre as nações européias. No entanto, entre o final do século XIX e o início do século XX, as principais nações envolvidas nas disputas imperialistas realizaram uma grande corrida armamentista. A tecnologia bélica sofreu grandes avanços nessa época, e grande parte desses armamentos eram testados nas possessões coloniais espalhadas pelos continentes asiático e africano. 

As potências imperialistas de maior porte, como Inglaterra e França, utilizavam das armas para conter as revoltas em suas zonas de dominação imperialista. Por outro lado, Itália e Alemanha – que possuíam domínios de menor riqueza – também participaram dessa corrida bélica com o objetivo de buscar novos domínios que atendessem suas ambições econômicas. A ampliação do arsenal das grandes potências não causou diretamente a guerra, mas configurou o cenário para a luta. 

Antes de 1914, as nações européias realizaram um grande número de alianças que polarizaram as disputas econômicas entre as nações. No ano de 1882, a Alemanha, o Império Austro-Húngaro e a Itália formaram a chamada Tríplice Aliança. Nesse acordo ficava estabelecido que caso um dos países declarasse guerra, os demais envolvidos se comprometiam a permanecerem neutros. Além desse ponto, outras questões militares ficaram pré-estabelecidas. 

Caso os franceses atacassem a Itália, austríacos e alemães deveriam apoiar a Itália em um provável confronto. Se a Alemanha fosse vítima de uma invasão militar francesa, somente a Itália seria obrigada a apoiar militarmente os alemães. Por fim, se qualquer um dos envolvidos desse tratado fosse afrontado por duas nações européias, os outros envolvidos deveriam apoiar o aliado com exércitos e armas. 

Esses acordos que previam uma série de conflitos hipotéticos, de fato, podem ser vistos como conseqüência das disputas que ocorriam no período. Na África, os alemães procuravam controlar mercados anteriormente dominados pelos ingleses. A pressão econômica e colonial exercida pela Alemanha obrigou a Inglaterra a interromper seu longo isolamento em relação à França, até então sua maior concorrente comercial. 

No ano de 1904, a Entente Cordial firmou um primeiro acordo entre Inglaterra e França. Segundo esse primeiro tratado, a Inglaterra teria total liberdade de exploração econômica na região do Egito, enquanto os franceses teriam seus interesses garantidos no Marrocos. A Alemanha não reconheceu esses acordos estabelecendo resistência à dominação francesa no Marrocos. Entre 1905 e 1911, aconteceram pequenos conflitos nas regiões de Agadir e Tanger. 

No continente asiático, França e Inglaterra disputavam o controle de posições em territórios da atual Tailândia. Ao mesmo tempo, os ingleses tinham problemas com os interesses dos russos na exploração econômica de regiões do Oriente Médio, do Tibet e da Ásia Central. Em 1907, a intermediação diplomática francesa conseguiu equilibrar as disputas entre russos e britânicos. 

O acordo entre essas três nações possibilitou a assinatura da Tríplice Entente. Essa aliança estabeleceu um processo de polarização política, militar e econômica entre as grandes potências européias. Nesse contexto se institui a chamada “paz armada”, um equilíbrio diplomático que poderia se esfacelar ao menor conflito que pudesse justificar a luta direta entre as duas alianças formadas. Foi quando, em 1914, um incidente terrorista nos bálcãs despertou as rivalidades historicamente fomentadas.

Fases da Primeira Guerra Mundial

Primeira Fase: (1914). Em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando e sua mulher, Sofia Chotek, foram assassinados a tiros por um jovem sérvio durante a passagem de sua comitiva por Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegóvina. O grupo terrorista era contrário a presença austríaca na província.O Império Austro-Húngaro reagiu e, em um mês, declarou guerra à Sérvia, em um ato que ativou o complexo sistema de alianças militares moldados pelos interesses comuns em meio ao imperialismo e a necessidade de matérias-primas e mercados para a indústria recém-desenvolvida.Esse período caracterizou-se por movimentos rápidos envolvendo grandes exércitos. Certo de que venceria a guerra em pouco tempo, o exército alemão invadiu a Bélgica, e , depois de suplantá-la, penetrou no território francês até as proximidades de Paris. Os franceses contra-atacaram e, na Primeira Batalha do Marne, em setembro de 1914, conseguiram deter o avanço alemão. 

Segunda Fase: (1915-1916) Na frente ocidental, essa fase foi marcada pela guerra de trincheiras: os exércitos defendiam suas posições utilizando-se de uma extensa rede de trincheiras que eles próprios cavavam. Enquanto isso, na frente oriental, o exército alemão impunha sucessivas derrotas ao mal-treinado e muito mal-armado exército russo. Apesar disso, entretanto, não teve fôlego para conquistar a Rússia. Em 1915, a Itália, que até então se mantivera neutra, traiu a aliança que fizera com a Alemanha e entrou na guerra ao lado da Tríplice Entente. Ao mesmo tempo que foi se alastrando, o conflito tornou-se cada vez mais trágico. Novas armas, como o canhão de tiro rápido, o gás venenoso, o lança-chamas, o avião e o submarino, faziam um número crescente de vítimas. 

Terceira fase: (1917-1918). Em 1917, primeiro ano dessa nova fase, ocorreram dois fatos decisivos para o desfecho da guerra: a entrada dos Estados Unidos no conflito e a saída da Rússia. Os Estados Unidos entraram na guerra ao lado da Inglaterra e da França. Esse apoio tem uma explicação simples: os americanos tinham feitos grandes investimentos nesses países e queriam assegurar o seu retorno. Outras nações também se envolveram na guerra. Turquia e Bulgária juntaram-se à Tríplice Aliança, enquanto Japão, Portugal, Romênia, Grécia, Brasil, Canadá e Argentina colocaram-se ao lado da Entente. A saída da Rússia da guerra está relacionada 
à revolução socialista ocorrida em seu território no final de 1917. 

O novo governo alegou que a guerra era imperialista e que o seu país tinha muitos problemas internos para resolver. A Alemanha, então, jogou sua última cartada, avançando sobre a França antes da chegado dos norte-americanos à Europa. Entretanto, os alemães foram novamente detidos na Segunda Batalha do Marne e forçados a recuar. A partir desse recuo, os países da Entente foram impondo sucessivas derrotas aos seus inimigos. A Alemanha ainda resistia quando foi sacudida por uma rebelião interna, que forçou o imperador Guilherme II a abdicar em 9 de novembro de 1918. Assumindo o poder imediatamente, o novo governo alemão substituiu a Monarquia pela República. Dois dias depois rendeu-se, assinando um documento que declarava a guerra terminada.
EUA

Em 1914, o estouro da Primeira Guerra Mundial determinou o consumo de uma tensão que se desenvolvia entre as nações da Europa desde o século XIX. Antes da guerra, os Estados Unidos defendiam a política de “portas abertas” como a melhor solução para a forte concorrência imperialista. Nesse âmbito, as autoridades do governo dos EUA acreditavam que todos os imperialistas tinham direitos iguais na exploração dos territórios afro-asiáticos.

Apesar dessa premissa conciliadora, os países europeus preferiam a guerra como solução. Nesse novo contexto, os Estados Unidos passaram a lucrar à custa da Primeira Guerra Mundial. Em um curto espaço do tempo, as nações europeias necessitavam de enormes quantidades de alimentos e armas para o conflito. Mesmo que permanecendo neutro, por uma questão de interesse e afinidade, o governo norte-americano exportava seus produtos apenas às nações integrantes da Tríplice Entente.

O comportamento solidário dos EUA logo se aprofundou, principalmente quando observamos o empréstimo de recursos financeiros para a guerra na Europa. Até esse momento, o conflito se transformava em um evento bastante lucrativo e benéfico para a economia norte-americana. No âmbito político, os Estados Unidos esperavam que a nação pudesse se fortalecer ainda mais ao possivelmente assumir a condição de intermediadora dos tratados de paz.

Tais projeções mudariam de rumo no ano de 1917. Naquele ano, os russos abandonaram a Tríplice Entente com o desenvolvimento da Revolução Russa. Para as potências centrais, essa seria a oportunidade ideal para vencer o conflito. Não por acaso, os alemães puseram em ação um ousado plano de atacar as embarcações que fornecessem mantimentos e armas para a Inglaterra. Nesse contexto, navios norte-americanos foram alvejados pelos submarinos da Alemanha.

Nesse momento a neutralidade norte-americana se tornava insustentável por duas razões fundamentais. Primeiramente, porque a perda das embarcações representava uma clara provocação que exigia uma resposta mais incisiva do governo americano. Além disso, a saída dos russos aumentava o risco da Tríplice Entente ser derrotada e, consequentemente, dos banqueiros estadunidenses não receberem as enormes quantidades de dinheiro emprestado aos países em guerra. 

No dia 6 de abril de 1917, os Estados Unidos declararam guerra contra os alemães e seus aliados. Um grande volume de soldados, tanques, navios e aviões de guerra foram utilizados para que a vitória da Entente fosse assegurada. Em pouco tempo, as tropas alemãs e austríacas foram derrotadas. Em novembro de 1918, o armistício de Compiègne acertou a retirada dos alemães e a rápida vitória da Tríplice Entente.
A entrada dos EUA teve grande influência no desfecho da Primeira Guerra Mundial.

Brasil na Primeira Guerra

 participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial foi estabelecida em função de uma série de episódios envolvendo embarcações brasileiras na Europa. No mês de abril de 1917, forças alemãs abateram o navio Paraná nas proximidades do Canal da Mancha. Seis meses mais tarde, outra embarcação brasileira, o encouraçado Macau, foi atacado por alemães. Indignados, populares exigiram uma resposta contundente das autoridades brasileiras.
Na época, o presidente Venceslau Brás firmou aliança com os países da Tríplice Entente (Estados Unidos, Inglaterra e França), em oposição ao grupo da Tríplice Aliança, formada pelo Império Austro-húngaro, Alemanha e Império Turco-otomano. Sem contar com uma tecnologia bélica expressiva, podemos considerar a participação brasileira na Primeira Guerra bastante tímida. Entre outras ações, o governo do Brasil enviou alguns pilotos de avião, o oferecimento de navios militares e apoio médico.

Incumbidos de proteger o Atlântico de possíveis ataques de submarinos alemães, sete embarcações foram usadas na Primeira Guerra: dois cruzadores, quatro contratorpedeiros e mais um navio auxiliar. A pequena tripulação destes navios, mesmo tendo um papel breve, foi vítima da epidemia de gripe espanhola que assolou a Europa nesse período. A experiência de maior sucesso brasileiro no conflito aconteceu com os grupos enviados para lutarem ao lado de soldados franceses e britânicos.

Os brasileiros tiveram participação nos conflitos das tropas da frente ocidental e na região da Jutlândia. O mais conhecido caso de participação brasileira se refere ao militar José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Relatos contam que este militar foi responsável pelo comando de pelotões de cavalaria francesa e uma pequena unidade de tanques. A experiência por ele adquirida abriu portas para que, logo em seguida, o Brasil adquirisse seus primeiros carros blindados.

O apoio brasileiro teve muito mais presença com o envio de suprimentos agrícolas e matéria-prima procurada pelas nações em conflito. No Brasil, a Primeira Guerra teve implicações significativas em nossa economia. A retração econômica sofrida pelas grandes nações industriais europeias abriu portas para que o parque industrial se desenvolvesse.
 entrada do Brasil na guerra"Enquanto a guerra castigava a economia dos países beligerantes, favorecia a economia norte-americana. O conflito afetou a produção industrial na Europa, reduziu as trocas comerciais e o fluxo de divisas, drenando altas somas e recursos para o esforço de guerra. Os Estados Unidos passaram, então, à condição de grandes fornecedores para a Europa e para os países com os quais esta outrora comercializava. Em pouco tempo converteram-se de devedores em credores mundiais.

O presidente norte-americano Woodrow Wilson, apesar de idealista em seus esforços para restabelecer a paz na Europa e para conservar a neutralidade dos Estados Unidos na guerra, era bastante pragmático no tocante aos interesses envolvidos no conflito. Intensificou as relações comerciais e diplomáticas com países beligerantes e neutros, somente rompendo relações com a Alemanha quando esta declarou guerra submarina irrestrita ao comércio aliado. Diante do prejuízo que esta medida traria ao comércio norte-americano, dos riscos de perda de seus investimentos na Europa e de inadimplência dos empréstimos concedidos aos Aliados, os Estados Unidos declararam beligerância ao Império Alemão.

O Brasil seguiu os passos adotados pelos Estados Unidos na Guerra Européia. valendo-se dos mesmos argumentos, ainda que dentro de razoável defasagem no tempo. Para sair da situação de neutralidade e alcançar a de beligerância, o Brasil passou antes pelo estágio de rompimento de relações diplomáticas com a Alemanha, pela quebra de neutralidade em favor dos Estados Unidos, seguida da quebra de neutralidade em favor dos Aliados. Em cada uma destas fases, destacam-se alguns fatores como determinantes para a mudança à etapa seguinte.

A versão oficial assevera que o Brasil ingressou na guerra devido ao afundamento de seus navios mercantes por submarinos alemães. Porém, tal motivo não teria sido forte o bastante para justificar decisão de tal magnitude. A tonelagem e o valor das mercadorias brasileiras afundadas por submarinos alemães eram de pequena monta, relativamente ao volume e valor totais comercializados anualmente pelo Brasil, que já havia tido grandes volumes de cargas e valores apreendidos em portos da Inglaterra e da França pelo War Trade Deparhnent, sem que tais ações tivessem sido motivo para declaração de beligerância O número de três navios mercantes afundados (Paraná, Tijuca e Lapa) também não teria sido motivo justo para o ingresso do Brasil numa guerra européia A Argentina, em decorrência do afundamento de idêntico número de seus mercantes, suspendeu as viagens à Europa. A Noruega, país eminentemente marítimo, decidiu, a despeito dos riscos, manter em operação suas linhas de navegação. Veio a perder mais da metade de sua frota mercante, afundada por submarinos alemães, mas conservou sua neutralidade, preferindo recorrer à diplomacia para reaver seus prejuízos ao final do conflito. A quantidade de navios brasileiros afundados era pouco expressiva, se comparada ao total da frota mercante nacional. Estas perdas poderiam ter sido negociadas sem o recurso à guerra, mormente quando nossa diplomacia já havia adquirido tradição e reconhecimento de eficiência na solução pacífica de crises, e a Alemanha oficialmente se prontificara a negociar as reparações dos danos decorrentes destes sinistros.

Ao governo brasileiro, portanto, pode-se imputar ao menos imprudência por estes acidentes marítimos ao permitir que navios mercantes nacionais navegassem por regiões sabidamente sob bloqueio naval, nas quais havia grandes riscos de torpedeamento por submarinos. Ainda que discordante da declaração de bloqueio alemão quanto à sua extensão, à sua duração, meios a empregar e à ausência de restrições, teria sido recomendável, além de apresentar veementes protestos diplomáticos, deixar ao pais importador o ônus do transporte da mercadoria adquirida ou adotar rotas de navegação alternativas comprovadamente seguras.

Nesse aspecto, o Ártico despontou como importante por suas rotas comerciais interligando o continente americano à Europa, através dos portos de Arkhangeslsk e Murmansk, na Rússia. A partir desta época, cresceu a importância estratégica da região tornando-se intensas ali as explorações científicas, com instalações de bases de pesquisas para estudos geográficos e meteorológicos, de topografia costeira e prospecção mineral, com construções de campos de pouso e ancoradouros. A rota marítima do norte se transformou numa via segura para a navegação mercantil.

Estando a guerra na Europa estagnada em terra, buscou-se sua definição pelo desequilíbrio de forças no mar. Depois da Batalha Naval da Jutlândia, a Marinha Alemã, que obteve uma vitória tática (pelas perdas materiais e humanas infligidas à Inglaterra), mas sofreu uma derrota estratégica (pela incapacidade de doravante enfrentar a Marinha Britânica num combate franco), recolheu-se a seus portos e limitou-se a operar no Mar Báltico. Recorreu à arma submarina, como inovação tática e surpresa estratégica.

As demais marinhas revelaram perplexidade e despreparo em se adaptar à nova modalidade de guerra no mar, onde as normas para emprego bélico de navio de superfície não eram aplicáveis aos submarinos. A iniciativa dos ingleses, seguidos pelos demais Aliados, consistiu em intensificar campanha publicitária contra a guerra submarina condenando-a perante a opinião pública, ao mesmo tempo em que determinava a seus mercantes atacarem incontinenti todo submarino alemão. Com isto, a Inglaterra desejava incutir na população leiga a ideia errônea de que os submarinos alemães deviam se comportar como navios de superfície durante um bloqueio naval, o que anulava seu valor como arma de ataque.

A Alemanha já havia decretado bloqueio submarino em duas oportunidades em resposta ao bloqueio aliado, decretado desde o início do conflito. O clamor da opinião pública e os protestos diplomáticos, no entanto, a levaram a flexibilizar as restrições tornando o bloqueio permeável e ineficaz. Tendo frustrada sua tentativa de encetar negociações de paz com seus beligerantes, em dezembro de 1916, a Alemanha viu-se forçada a lançar um bloqueio submarino irrestrito no começo do ano seguinte (31 de janeiro de 1917), O governo alemão, em telegrama ao Presidente do Brasil, Wenceslau Brás, lamentava os prejuízos e transtornos por ventura causados aos interesses brasileiros em decorrência do bloqueio submarino. Antecipava que, em ocorrendo algum sinistro a navios brasileiros por ações da marinha alemã, aquele governo se disporia a discutir diplomaticamente as medidas reparadoras, conforme já vinha procedendo com outros países. Alertava ainda para a necessidade de avaliar as causas dos futuros sinistros, não se atribuindo a culpa antecipadamente à Alemanha, porque também os Aliados haviam lançado minas em profusão no Mar do Norte. O embaixador alemão concluía a nota justificando ser o bloqueio a alternativa indispensável à sobrevivência de seu país, cuja população civil já amargava fome e miséria.

Recebida a nota do governo alemão, o chanceler Lauro Müller primeiro confabulou com o senhor Alexander Benson, Encarregado de Negócios dos Estados Unidos da América no Brasil. Este remeteu nota ao governo brasileiro em 05 de fevereiro de 1917, que respondeu à nota do governo americano em 08 de fevereiro de 1917:

‘(..) devo, por minha vez, confirmar pela presente a participação verbal que tive ocasião de fazer a VS, de que o Governo Brasileiro, em resposta à nota que recebeu do da Alemanha, anunciando o bloqueio do litoral dos paízes [sic] inimigos, declarou não reconhecer por várias razões semelhante bloqueio como effectivo [sic] e protestar contra cite [sic] e suas conseqüências.
A resposta do governo brasileiro à nota do governo alemão foi assinada no dia seguinte, a 09 de fevereiro de 1917.

Mesmo ciente dos riscos que corriam os navios que trafegassem pelas áreas sob bloqueio, o Governo do Brasil permitiu a partida do vapor Paraná, conduzindo café com destino ao porto de Havre, na França. Este navio sofreu explosão por volta das 23 horas e 30 minutos do dia 03 de fevereiro de 1917, a10 milhas de Barfleur, litoral da França, soçobrando na madrugada do dia 04 de fevereiro de 1917, quando pereceram três marinheiros.

Com base em alguns indícios, sem evidências concretas, o comandante do navio assegurou ter sido um submarino alemão o causador do afundamento. O governo brasileiro preveniu que qualquer outro incidente envolvendo mercantes nacionais agravaria as relações entre os dois países. Insistiu junto ao governo alemão para que houvesse para o Brasil a concessão de “que nenhum navio brasileiro fosse atacado em qualquer mar, sob pretexto algum, mesmo o de conduzir contrabando de guerra”. Tal imunidade, além de impraticável, era inaceitável. Era impraticável porque a Inglaterra há muito se valia da perfídia de usar bandeira neutra em seus navios como artifício para burlar o bloqueio alemão; inaceitável porque esta exceção, se concedida ao Brasil, abriria precedente a que outros países também a reivindicassem, o que tomaria o bloqueio novamente ineficaz. Diante destas circunstâncias, as tentativas de furar o bloqueio submarino alemão fatalmente levariam a outros sinistros.

Assim como os Estados Unidos, o Brasil também procurou, a princípio, manter-se neutro com relação ao conflito na Europa. Porém, os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com a Alemanha em face dos prejuízos que a guerra submarina irrestrita causaria aos seus negócios. O presidente Wenceslau Brás, em conferência com o ministro Lauro Müller, expressou que o Brasil, “em qualquer evento” relativo ao conflito europeu. apoiaria a ação dos Estados Unidos”. Lauro Müller retrucava:

“O argumento dos oradores nas praças públicas é sempre o mesmo: o Brasil tem de seguir o exemplo dos Estados Unidos. Isto significa tornarmos nossas as opiniões dos Estados Unidos. Mas um povo independente governa-se por si. (..)Muito e preciosamente vale a força extrínseca que vem do apoio amigo; ela, porém, não se fixa duradouramente sobre (..)as nações que se subalternizamna dobrez pasmada de um culto subserviente por alheias grandezas.
Na opinião de Domício da Gama, encarregado da embaixada brasileira em Washington. o Brasil passaria à História como um país que abandonou sua neutralidade para seguir os ditames dos interesses norte-americanos, o que seria diplomaticamente injustificável, politicamente inconveniente e ainda uma leviandade, em vista da precipitação com que se procedia sob influências sentimentais.

Os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha no dia 06 de abril de 1917, ao perceberem que a saída da Rússia da guerra estava liberando tropas alemãs do front oriental para reforço do front ocidental, o que desequilibrava o quadro de forças na Europa alterando o rumo dos acontecimentos com a vantagem na guerra pendendo notoriamente para a Alemanha, cuja vitória significava incerteza quanto ao pagamento das dívidas contraídas pelos Aliados junto aos norte-americanos.

Em vista do afundamento do vapor Tijuca, a 04 de abril de 1917, o Brasil rompeu relações comerciais e diplomáticas com a Alemanha, em 11 de abril de1917. A imprensa norte-americana divulgou que o Brasil seguiria “os passos” dos Estados Unidos numa declaração de guerra à Alemanha, o que de fato ocorreu, porém com certo lapso de tempo. Lauro Müller remeteu nota ao Sr. A. Pauli, Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário (E.E.M.P.) de sua Majestade o Imperador da Alemanha e Rei da Prússia, participando o grande pesar com que o presidente da República do Brasil reconhecia sentir- se compelido a suspender as relações comerciais e diplomáticas com a Alemanha. O governo brasileiro se dizia aberto às negociações com vistas ao bom entendimento e à paz com o Império Alemão, todavia reconheceu a perda de objeto na presença de autoridades diplomáticas de um Estado noutro e promoveu o regresso destes a seus países de origem. Paradoxalmente, o Brasil se pronunciava acessível ao entendimento e às negociações ao mesmo tempo em que excluía o canal diplomático, o mais tradicional e eficiente meio de comunicação entre os governos.

Alvo de críticas por parte da imprensa, pressionado pela opinião pública e posto sob suspeição por sua ascendência germânica, Lauro Müller renunciou ao cargo de ministro das Relações exteriores a 03 de maio de 1917. Dois dias após sua renúncia foi empossado no cargo o Doutor Nilo Peçanha, representante da política fluminense na Convenção de Taubaté (1906). Nilo Peçanha era adepto da causa aliada e admirador de Rui Barbosa, com quem confabulou antes de assumir a nova função. O novo ministro fez de Rui seu conselheiro supremo, a quem homenageou com a inauguração de um busto na galeria do Palácio do Itamaraty. Com Nilo Peçanha o Brasil adotou radical mudança de postura face à guerra européia.

Nilo Peçanha logo evidenciou sua intenção de dar novos rumos à política externa brasileira. Menos de uma semana após sua posse, a 10 de maio de 1917, enviou telegrama a Washington declarando a intenção de aproximação estreita entre o Brasil e os Estados Unidos, inclusive com a quebra de neutralidade, desde que o Brasil recebesse certas garantias e compensações em troca de seu apoio à causa aliada. Ao mesmo tempo Nilo Peçanha negociou com a Inglaterra a exclusão do café da “lista negra”, o que traria divisas para o país e lucros para a oligarquia cafeicultora.

Aproximando-se da potência que melhor atendesse seus interesses, o governo brasileiro revogou sua neutralidade no conflito europeu em favor dos Estados Unidos da América a 10 de junho de 1917, com justificativa na “solidariedade continental”, na soberania que a Doutrina Monroe conferia às nações do continente americano, fundamentada na “tradicional amizade” reinante entre os dois países. Com a revogação da neutralidade, o governo brasileiro abriu seus portos aos navios de guerra das nações aliadas, recebendo com festas uma esquadra americana na cidade do Rio de Janeiro, onde se promoveu um desfile militar a 04 de julho, Dia da Independência dos Estados Unidos, quando foi decretado feriado nacional: para a opinião pública, uma demonstração de amizade; no campo diplomático, cordial acolhida; e na esfera política, subserviência.

O Brasil tornou a intensificar seu tráfego marítimo para a Europa em outubro de 1917, ocasião em que teve o vapor Macau torpedeado, a 18 daquele mês. O governo brasileiro tinha agora motivo para justificar, perante a opinião pública nacional e a História, seu ingresso na guerra. Uma semana depois, a 25 de outubro, o Presidente da República solicitou e, na noite seguinte, em sessão secreta, o Congresso Nacional decretou sanção presidencial com “reconhecimento do estado de guerra iniciado pelo Império Alemão contra o Brasil”. A imprensa; contudo, já pela manhã divulgava o resultado dos trabalhos dos congressistas onde se registrou um único voto discordante, o do senador Joaquim Pires, do Estado do Piauí. que advogava a inconstitucionalidade daquela decisão, afirmando haver outros parlamentares de pensamento idêntico ao seu, mas que se eximiam de pronunciar-se para preservar suas imagens perante a opinião pública; naquela ocasião vivamente influenciada pela imprensa’°’ Note-se a inexistência de declaração formal de guerra entre Brasil e Alemanha O documento foi redigido segundo artifício retórico de Rui de Barbosa, pelo qual se reconhecia que as ações da Marinha Alemã eram atos típicos de guerra aos quais o Brasil se dava o direito de responder à altura.

O Governo Brasileiro firmou acordo com os governos dos países Aliados adotando. em decorrência, a resolução de colaborar efetivamente no esforço de guerra. A 03 de novembro de 1917 o Presidente Wenceslau Braz expediu mensagem ao Presidente dos Estados Unidos na qual declarava ter o Brasil a honra de cooperar, em completa solidariedade e perfeito acordo com a República irmã, ao lado de outros aliados, na guerra contra a Alemanha, para garantir os altos interesses da humanidade.

O Brasil não era parte ativa nas disputas imperialistas entre as potências européias. Também não tinha interesses estratégicos ou geopolíticos no continente europeu. As sucessivas crises por que passava o país levava o povo a se preocupar prioritariamente com sua política interna. Porém, a influência cultural francesa na formação da intelectualidade brasileira despertou simpatias pela causa aliada e a imprensa nacional movimentou a opinião pública As pressões diplomáticas e econômicas da França e da Inglaterra conduziram a classe dirigente brasileira à adoção de posicionamento parcial no conflito. As vantagens e garantias políticas, econômicas, diplomáticas e militares com que o governo norte-americano acenou às lideranças brasileiras, a opinião pública favorável à causa aliada e a ideologia da solidariedade pan-americana foram decisivas para que o governo brasileiro se declarasse aliado dos Estados Unidos, em associação aos países da Tríplice Entente, na guerra contra a Alemanha. As “forças profundas” pressionaram as classes dirigentes a uma suposta “decisão boa”, geradora de resultados produtivos e duradouros para o país. contra a Alemanha, para garantir os altos interesses da humanidade.

O Brasil não era parte ativa nas disputas imperialistas entre as potências européias. Também não tinha interesses estratégicos ou geopolíticos no continente europeu. As sucessivas crises por que passava o país levava o povo a se preocupar prioritariamente com sua política interna. Porém, a influência cultural francesa na formação da intelectualidade brasileira despertou simpatias pela causa aliada e a imprensa nacional movimentou a opinião pública As pressões diplomáticas e econômicas da França e da Inglaterra conduziram a classe dirigente brasileira à adoção de posicionamento parcial no conflito. As vantagens e garantias políticas, econômicas, diplomáticas e militares com que o governo norte-americano acenou às lideranças brasileiras, a opinião pública favorável à causa aliada e a ideologia da solidariedade pan-americana foram decisivas para que o governo brasileiro se declarasse aliado dos Estados Unidos, em associação aos países da Tríplice Entente, na guerra contra a Alemanha. As “forças profundas” pressionaram as classes dirigentes a uma suposta “decisão boa”, geradora de resultados produtivos e duradouros para o país.”

Fonte:
Valterian Braga Mendonça: “A experiência estratégica brasileira na Primeira Guerra Mundial, 1914-1918. (Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência Política, da Universidade Federal Fluminense (UFF), como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Eurico de Lima Figueiredo). Niterói, 2008.
Nota:As imagens inseridas no texto não se incluem na referida tese.
As referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
Disponível digitalmente no site: Domínio Público
Grande protesto no centro de São Paulo, contra o torpedeamento do navio "Paraná", por parte dos alemães, em 1917
Outra vista do protesto realizado na capital paulista contra a Alemanha, que torpedeou o navio "Paraná", em 1917

Outra fotografia da multidão em protesto no centro de São Paulo contra o torpedeamento do "Paraná" pela Alemanha, em 1917

Estudantes reunidos no Largo São Francisco, no centro de São Paulo, em protesto contra a Alemanha, que torpedeou o navio brasileiro "Paraná", em 1917

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TEXTO DIDÁTICO

O Brasil e a Primeira Guerra Mundial"Ao assumir a Presidência em 1914, Venceslau Brás deparou com uma situação econômica instável, pois no governo de Hermes da Fonseca havia caído o saldo das exportações cafeeiras e aumentado as emissões de papel-moeda. Os problemas financeiros haviam obrigado o presidente Hermes a fazer um novo Funding Loan, com empréstimos de 15 milhões de libras, para saldar compromissos externos antes assumidos.
Contudo a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que coincidiu com o período de seu mandato, possibilitou aos industriais brasileiros a criação de novas indústrias e a ampliação da produção para suprir os mercados nacionais, devido à queda das importações de produtos industrializados externos.
O século XX nasceu sob a ameaça da eclosão de um conflito de proporções mundiais, e esta expectativa sombria era motivada principalmente pelas disputas entre as grandes potências capitalistas pela posse dos mercados mundiais.
O pretexto para iniciar a guerra foi o assassinato, em junho de 1914, de Francisco Fernando, irmão do imperador do Império Austro-Húngaro, em Serajevo, capital da Bósnia.
Em outubro de 1917, pouco depois da entrada dos Estados Unidos no conflito, o Brasil declarou guerra à Alemanha e seus aliados, motivado pelo afundamento, por submarinos alemães, dos navios mercantes brasileiros Tijuca, Paraná, Lapa e Macau.
A Marinha brasileira colaborou ativamente para o policiamento do Atlântico, o país forneceu alimentos e matérias-primas aos aliados e enviou um grupo de médicos e aviadores para a Europa."

Fonte:
Francisco de Assis Silva: “História do Brasil: Colônia, Império e República”. Editora Moderna. São Paulo, 1994, p. 219-220.

Vista da Estação da Luz, em São Paulo, na manhã da partida dos reservistas italianos que seguiram para sua pátria, a bordo do "Princesa Mafalda" (fotografia tirada pelo repórter da revista "A Cigarra", o senhor Pedro Ravizza, em 1915)

A embarcação que transportou os reservistas italianos de São Paulo para bordo do navio "Regina Helena", de onde seguiriam para a Europa, para lutar por sua pátria, em 1915

Reservistas italianos posando para a revista "A Cigarra", no cais das Docas de Santos, um pouco antes de embarcarem no "Princesa Mafalda"

Os reservistas italianos no cais das Docas de Santos, momentos antes de seguiram para sua pátria, na Europa, em 1915

Os reservistas italianos de São Paulo, acompanhados de uma grande multidão, diante do consulado francês em Santos, em 1915

O "Regina Helena" no porto de Santos, momentos antes de partir, levando a bordo os reservistas italianos, em 1915

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TEXTO ACADÊMICO

Grande parte da contribuição do Brasil na Primeira Guerra se deu com o envio de forças navais.
Grande parte da contribuição do Brasil na Primeira Guerra se deu com o envio de forças navais

I Guerra Mundial e a Gripe Espanhola: inimigos visíveis e invisíveis

A I Guerra Mundial aconteceu entre os anos de 1914 e 1918 do século XX. O que poucas pessoas sabem que paralelamente ao final da guerra, mas precisamente no ano de 1918, começou a propagar-se no mundo uma epidemia de gripe, denominada de gripe espanhola. A epidemia de gripe alcançou quase todo o globo terrestre com exceção de alguns locais no Polo Norte (Sibéria) e Oceania.
No contexto histórico do ano de 1918, poucos sabiam da letalidade da epidemia de gripe espanhola, a comunidade médica, juntamente com a população, ainda não tinha conhecimento da epidemia de gripe. A gripe foi confundida com outras doenças como tifo, cólera e dengue.
Enquanto a I Guerra Mundial, segundo alguns pesquisadores do conflito, vitimou aproximadamente 8 milhões de pessoas, a gripe espanhola, que teve seu auge entre os meses de setembro e dezembro de 1918, vitimou assustadoramente cerca de 40 milhões de pessoas.
A letalidade da epidemia até hoje não foi explicada de forma plausível pela comunidade médica, alguns médicos defenderam que a epidemia iniciou-se de uma gripe aviária, mas a gripe de aves não pode ser contraída diretamente pelos seres humanos. Os suínos fizeram a ligação para a gripe humana, primeiro a gripe aviária se transformou em gripe suína e, posteriormente, transformou-se em gripe humana.
A denominação ‘Gripe espanhola’ aconteceu durante a I Guerra Mundial, os principais países envolvidos no conflito como a Inglaterra, a França, os EUA, a Rússia, a Alemanha, a Itália e o Japão, censuravam notícias sobre a presença da epidemia em seus territórios, em razão da questão bélica.
Durante o ano de 1918 (ano final da guerra), somente a Espanha se encontrava neutra no conflito, não participou efetivamente da guerra. Portanto, a imprensa espanhola não tinha motivos e tampouco foi censurada pelo governo espanhol de noticiar a presença de gripe em seu território. A notícia da epidemia só chegava da Espanha, assim, ficou subtendido que a gripe tinha originado em território espanhol, por isso o nome “gripe espanhola”. Atualmente sabemos que a epidemia de gripe não iniciou na Espanha, segundo grande parte dos pesquisadores da doença, a epidemia começou na China, porém outros pesquisadores defendem que a origem da moléstia se deu nos Estados Unidos.
Durante a I Guerra, milhares de combatentes também morreram infectados pela gripe no Front.
Milhares de soldados foram infectados e morreram durante a I Guerra Mundial pela epidemia de gripe espanhola



Consequências da Primeira Guerra Mundial

Os acordos que deveriam dar fim aos conflitos da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) serviram para que um clima de rivalidades se agravasse ao longo do período do Entreguerras. A imposição de multas e sanções extremamente pesadas não conseguiu fazer com que o equilíbrio político real fosse alcançado entre as potências econômicas mundiais. Grosso modo, podemos afirmar que a Primeira Guerra pavimentou as possibilidades para a ocorrência de um novo conflito internacional.
Mesmo posando ao lado dos vencedores, a Itália saiu frustrada do conflito ao não receber os ganhos materiais que esperava. Na Alemanha, onde as mais pesadas sanções do Tratado de Versalhes foram instituídas, a economia viveu em franca decadência e os índices inflacionários alcançaram valores exorbitantes. Esse contexto de declínio e degradação acabou criando chances para que Itália e Alemanha fossem dominadas por regimes marcados pelo nacionalismo extremo e a franca expansão militar.

A Sociedade das Nações, órgão internacional incumbido de manter a paz, não conseguiu cumprir seu papel. O Japão impôs um projeto expansionista que culminou com a ocupação da Manchúria. Os alemães passaram a descumprir paulatinamente as exigências impostas pelos Tratados de Versalhes e realizaram a ocupação da região da Renânia. Enquanto isso, os italianos aproveitaram da nova situação para realizar a invasão à Etiópia.

O equilíbrio almejado pelos países também foi impedido pela crise econômica que devastou o sistema capitalista no ano de 1929. Sem condições de impor seus interesses contra os alemães e italianos, as grandes nações europeias passaram a ceder espaço aos interesses dos governos totalitários. Aproveitando dessa situação, os regimes de Hitler e Mussolini incentivaram a expansão de uma indústria bélica que utilizou a Guerra Civil Espanhola como “palco de ensaios” para um novo conflito mundial.

Fortalecidas nessa nova conjuntura política, Itália, Alemanha e Japão começaram a engendrar os primeiros passos de uma guerra ainda mais sangrenta e devastadora. A tão sonhada paz escoava pelo ralo das contradições de uma guerra sustentada pelas contradições impostas pelo capitalismo concorrencial. Por fim, o ano de 1939 seria o estopim de antigas disputas que não conseguiram ser superadas com o trágico saldo da Primeira Guerra.
A crise da economia alemã: uma mulher usa dinheiro para aquecer sua lareira.
A crise da economia alemã: uma mulher usa dinheiro para aquecer sua lareira
Os horrores da guerra

 Europa antes e depois da guerra
imagens

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O avanço dos soldados canadenses contra os alemães, na região do Somme, na França, em 1917

Soldados da cavaleria portuguesa transportando montes para reconhecimento da região, em Angola, que, na época, era sua possessão, em 1915

As tropas de infantaria argelina com baionetas em luta feroz contra os alemães, em 1914

Cenas da guerra, em 1915

Atiradores argelinos enviados para combater os alemães, na França, em 1914

Ilustração das tropas da infantaria colonial francesa, procedentes da Argélia, durante combate com os alemães, na região de Aisne, em 1914
A bandeira do regimento de infantaria, comandado pelo general Joffre, em 1916

O general francês Joffre passando em revista a um regimento de infantaria que ia se unir às tropas que combatiam em Verdun, em 1916

Prisioneiros franceses num acampamento, em 1915
O submarino "E-8" que levou a pique um cruzador alemão no mar do Norte, em 1914

Ilustração da Esquadra Francesa no Mediterrâneo, de 1914
Oficiais do exército brasileiro fotografados no Forte de Douamont, em 1919
Outro grupo de oficiais brasileiros, em visita às posições do Argones, durante a última ofensiva, em 1919

Grupo de crianças posando para a revista "A Cigarra" no Teatro Municipal de São Paulo, em festa realizada em benefício da Cruz Vermelha e dos Aliados, em 1915
Marinheiros do cruzador alemão "Kaiser II", por ocasião de sua última passagem pelo Porto de Santos, em 1914

O general Moltke, chefe do estado-maior do exército alemão, em diálogo com o Kaiser, um pouco antes de ser deflagrada a guerra na Europa, em 1914
Soldados alemães recebendo porção de água em Vizé, na Bélgica, em 1914

Prisioneiros aliados em Zossen, na Alemanha, tecendo sapatos de palha, em 1915


História do Tanque de Guerra - Primeira Guerra


tank1_203x152.jpg300px-British_Mark_I_male_tank_Somme_25_September_1916.jpg79326.jpg As condições de luta na frente ocidental incitaram o Exército Britânico a começar a investigação de um veículo que pudesse atravessar as trinceiras, derrubar barreiras e que fosse impenetrável ao fogo das metrelhadoras. Após ter visto o Rolls Royce blindado utilizadado pela Royal Naval Air Service em 1914, e conhecedor dos esquemas para criar um veículo de combate com tracção de lagartas, o Primeiro Lord do Almirantado, Winston Churchill patrocinou um comité, o Landships Committe, para supervisionar o desenvolvimento desta nova arma. ernest20swinton.jpg
Sob a direcção do Coronel Ernest Swinton, o Landships Committe criou o primeiro protótipo com êxito, chamado de Little Willie, que foi testado pelo Exército Britânico em 6 de Stembro de 1915. Inicialmente chamaram-se barcos de terra(landship), os primeiros veículos coloquialmente foram designados de transportes de água e mais tarde tanques, para mantê-los em segredo. GB-LittleWillie-3.jpg A palavra tanque foi utilizada para dar a impressão aos trabalhadores de que estavam construindo contentores de água móveis para o Exército Britânico na Mesopotamia, e tomou carácter oficial a 24 de Dezembro de 1915. text_tank.jpg
O primeiro caso de tanque operativo aconteceu quando o Capitão H.W. Mortimore, da Royal Navy, levou um MarkI a combate durante a Batalha do Somme, em 15 de Setembro de 1916. 450px-British_Mark_I_male_tank_Somme_25_September_1916.jpg errrr_ppp.jpg Os franceses desenvolveram o Schneider CA1 que foi utilizado pela primeira vez em 16 de Abril de 1917. A primeira vez que se empregaram tanques massivamente durante um combate foi na Batalha de Cambrai, em 20 de Novembro de 1917. World-Tank-War-I-001.jpg
O carro de combate deixaria finalmente a guerra de trincheiras obsoleta, e os milhares de tanques que se utilizaram na guerra pelas forças britânicas e francesas realizaram uma contribuição significativa. 2029970-md.jpg
Os resultados iniciais com os tanques eram variados: os problemas de fiabilidade causavam um desgaste considerável em combate. A sua utilização em pequenos grupos também diminuiu o seu valor e impacto táctico.
As forças alemãs sofreram o choque e não tinham armas contra os tanques, mas acidentalmente descobriram a munição anti-tanque e o uso de trincheiras mais fundas para limitar a mobilidade dos tanques britânicos.
tankIWM0212_468x352.jpg A Evolução das condições no campo de batalha e a falta de fiabilidade continuada forçaram os tanques aliados a continuar o seu aperfeiçoamento durante o resto da guerra, produzindo-se novos modelos como o Mark V, que podiam abrir passagem atrave´s de obstáculos maiores, especialmente trincheiras mais amplas.
A Alemanha apresentou uma pequena quantidade de tanques, principalmente capturados, durante a Primeira Guerra Mundial. Só chegaram a produzir aproximadamaente vinte tanque de seu próprio desenho, o Sturmpanzerwagen A7V. 556446.jpg a7v_05.jpgOs Tanques da Primeira Guerra Mundial
ModeloArmamentoblindagem
(max) 
Peso 
(tonnes)
Velocidade
(mph)
Tripulação
Mks I-IV Male 2x 6-pounders
4x MG 
12mm 28 3.7 
Mks I-III Female 5 x mg 12mm 27 3.7 
Mk IV Female 6 x mg 12mm 27 3.7 
Mk V Male 2x 6-pounders, 4x MG 14mm 29 4.6 
Mk V Female 6 x mg 14mm 28 4.6 
Medium Mk A (Whippet) 4 x mg 14mm 14 8.3 
Medium Mk B 4 x mg 14mm 18 7.9 
Schneider 1 x 75mm gun, 2 x mg 11.4-17mm 14½ 
St. Chamond 1 x 75mm gun, 4 x mg 11mm 24 9
Renault FT17 1 mg, later 1x 37mm gun 16mm 6½ 5-6 
A7V 1 x 5.7cm, 6 x mg 30mm 32 16 

Dirigível Zeppelin

DIRIGÍVEL ZEPPELIN (1915). No dia 2 de janeiro de 1914, logo após a eclosão da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha pôde contar com 12 dirigíveis, 6 dos quais eram Zeppelin, para uso, de preferência, em bombardeios a longa distância. No dia 9 de agosto de 1915, com efeito, estes dirigíveis efetuaram a primeira incursão sobre Londres. Embora superados na prática pelos numerosos aviões que entraram em ação, antes do fim do conflito. Na realidade, os dirigíveis se revelaram excessivamente vulneráveis, em confronto com a aviação de caça aliada, porém substancialmente mais úteis em operações de reconhecimento no Mar do Norte.

 trenós armados da União Soviética e outros 

Os aerosleds armados da Rússia podem parecer ficção-científica, mas eles fazem parte da história daquele país. Enquanto os exércitos inimigos tentavam ao menos sobreviver ao intenso inverno, os russos prosperavam graças a esses bizarros snowmobiles .
O desenvolvimento da tecnologia e infraestrutura russa no século 20 aconteceu de forma desigual, dando ao país a habilidade de construir motores de combustão cada vez mais avançados para carros e caminhões, apesar de não haver boas rodovias para eles. Com boa parte das fronteiras do país submersas na neve durante meses, em algum momento a necessidade de veículos de neve seria óbvia.
Os primeiros projetos foram essencialmente máquinas esquiadoras equipadas com motores de aviões antigos e hélices. Embora fossem capazes de atravessar apenas curtas distâncias na neve, sua construção em madeira fizeram deles improváveis máquinas de guerra que serviram sobretudo como apoio (transporte, logística, comunicação) ao longo da Primeira Guerra Mundial.
Após a revolução de 1917 o novo governo da Rússia montou uma equipe com seus melhores inventores para aprimorar os projetos e criar trenós motorizados de metal – mais úteis e adequados para combates – chamados de aerosleds. Os projetos A.N. Tupolev em particular, usavam alumínio na construção e eram movidos por motores Fiat.
Em 1939, quando começou a Guerra de Inverno entre a União Soviética e a Finlândia, o frio intenso e rigoroso favoreceu o exército soviético e seus velozes aerosleds, que foram usados como ambulâncias e veículos de patrulha em áreas isoladas. Esta experiência levou à produção de vários modelos com blindagem pesada e metralhadoras.
canhões usados na guerra
os canhões ajudaram a alcançar  alvos que estavam  longe.
canhões usados na guerra
canhões: artilharia belga em ação contra os alemães 
canhão sendo usado nas trincheiras
Fotos da Primeira Guerra - Arras

Canhão no norte da França

aviões na primeira guerra mundial

A Primeira Guerra Mundial, deu ao avião o impulso que faltava, pois durante este conflito foi provada a importância do avião, no reconhecimento aéreo, bombardeamento e combate ar-ar.
uma nova máquina de guerra
Avião: uma nova máquina de guerra

motos na primeira guerra mundial
Cerca de um terço da produção das H-Ds durante a Primeira Guerra Mundial foi para as Forças Armadas. As motocicletas Harley-Davidson foram usadas em vários esforços de guerra, incluindo serviços de mensagens e transporte.
Moto-ambulância 1ª Guerra Mundial
moto ambulância.
Estas motocicletas, no
entanto, foram equipados com metralhadoras.

bicicletas na primeira guerra mundial
Na primeira guerra, as bikes eram utilizadas para enviar mensagens e nos primeiros socorros, devido a facil mobilidade.Na Itália, as bikes eram utilizadas pelos Bersaglieri (Unidades de infantaria leves).Os alemães chegaram a ter cerca de 80 fábricas de bicicletas, chamadas de Radfahr-Bataillonen (batalhões de bicicleta).




Embora muito usada na primeira guerra mundial, perdeu espaço para os veículos motorizados na segunda guerra.
Sua capacidade de carga, podia chegar até a 180kg.
Até hoje, existem exércitos que utilizam a bike, de fácil manutenção e como enfrentam qualquer terreno, são sempre uma arma a mais, quando se trata de surpreender o inimigo.
Bersaglieri italianos transportando bicicletas dobráveis durante a Primeira Guerra Mundial

armas emetralhadoras na primeira guerra mundial
Metralhadora Lewis
Metralhadora Lewis


outro modelo lewis

outra metralhadora lewis.